“Um país não se suicida. Mas o facto é que a República está em chamas. E portanto a questão é clara: ou o Estado democrático resolve os problemas da República, ou alguém os resolverá contra ele.”

domingo, dezembro 18, 2005

Um apelo à decência

"Jorge Coelho sugeriu no último programa televisivo “Quadratura do círculo” a desistência dos vários candidatos da esquerda a favor de Mário Soares, invocando sondagens já publicadas ou a publicar «nas próximas semanas» que colocam o ex-Presidente em segundo lugar
A sugestão de Coelho é um tremendo erro político. Uma eventual desistência de quem quer que seja na primeira volta beneficiará sempre a candidatura de Cavaco Silva, pois diminui as possibilidades de escolha dos eleitores e aumenta as probabilidades de uma vitória de Cavaco Silva. O que se teme, acima de tudo, é ficar atrás de Manuel Alegre. E é por isso que se prefere perder tudo logo na primeira volta em vez de tentar, como se devia, conjugar todos os esforços para que haja uma segunda volta.
O argumento de Jorge Coelho não é novo. Já no Expresso de 12 de Novembro, uma sondagem a cargo da Eurosondagem colocava a pergunta da desistência a favor de Soares na primeira volta. A pergunta desvirtua os resultados. A sondagem não punha sequer a hipótese de desistências a favor de outro candidato, embora Manuel Alegre, em todas as sondagens até agora publicadas, seja o candidato que numa segunda volta tem mais apoios para defrontar Cavaco Silva.
A disputa eleitoral tem regras e a principal é a da decência. Manda a decência que as sondagens sejam feitas com total isenção. Nesse sentido, a sintonia entre Jorge Coelho e a pergunta da Eurosondagem é muito preocupante. O facto de o representante da Eurosondagem ser, simultaneamente, dirigente do PS, aumenta a nossa preocupação e a necessidade de uma verificação exaustiva dos critérios de rigor e isenção nas sondagens eleitorais por parte das entidades competentes.
[A candidatura de Manuel Alegre, 16.12.2005]"